sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ainda há muito para se fazer



FCA 2512 e 2507 na estação de Corinto.
Foto de Alexandre Almeida



A atual abertura do ramal de Pirapora pela FCA compreende, então, parte de um antigo projeto de ligação da região sudeste com a região norte do país. As obras da Ferrovia Norte e Sul estão a pleno vapor e está previsto para 2012 a chegada dos trens da EF Carajás a Anápolis. Talvez, quando isso acontecer, a Vale introduza o terceiro trilho na Norte Sul para que os trens da bitola métrica cheguem ao porto de Itaqui, no maranhão, sem precisar de transbordo para bitola larga.
Por enquanto a FCA está transportando apenas soja no ramal de Pirapora. Mas há possibilidade de estender seus serviços às indústrias da região, o que ampliaria a gama de produtos a serem transportados por ferrovia. Mas isso vai demandar ainda melhorias na via. As obras de reabertura do ramal foram acanhadas demais. Basicamente trocaram-se os dormentes que estavam muito danificados. A grande maioria deles é original da linha que foi paralisada no meado dos anos 80, portanto com mais de 20 anos de abandono e pelo menos 30 anos de uso. Os trilhos são de perfil leve, variando de 37 a 45kg. Não foi realizada a troca do lastro e este encontra-se muito sujo e contaminado por terra na maioria dos pontos visitados por nós. As pontes são as originais da Central, com pelo menos 80 anos de uso. Para finalizar, o terminal de transbordo da soja em Pirapora é muito pequeno. Um projeto que não foi dimensionado para o que se esperava daquela linha. Sua capacidade não comportaria um fluxo maior de trens que o que ali vemos hoje. Tudo isso contrasta com a propaganda da Vale que diz que investiu 300 milhões na recuperação daquela linha. Daí resultou que em menos de um mês de abertura da linha houve um descarrilamento que parou o ramal por dois dias.
O que se espera da FCA e Vale é que não apenas o ramal de Pirapora seja de fato remodelado, mas sua ligação com a linha de perfil moderno situada abaixo de Sete Lagoas também seja contemplada com melhorias significativas. Não adianta remodelar apenas aquele ramal se entre Corinto e Sete Lagoas houver uma linha ruim como a que existe ali atualmente. A Vale e FCA precisam entender que é preciso investir do próprio bolso para obter resultados realmente satisfatórios. Esperar que o governo invista na linha que ela própria vai usar é não acreditar em sua própria capacidade de gerir seus recursos. É preciso ousar mais e acreditar que o projeto vai corresponder às expectativas. Só assim teremos ferrovias realmente competitivas no Brasil.
Atualmente (set/2009) o ramal está com as atividades paralisadas em virtude do fim das safra da soja naquela região. Pelo que ouvimos do pessoal da FCA, o projeto foi sub-dimensionado e a soja acabou bem antes do esperado.

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